sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Aleatórios - A bibliotecária B.

Respondendo à questão sobre a motivação para participarem das atividades biblioterapêuticas, a Bibliotecária B (assim identificada por Marina Guedes, autora da dissertação A biblioterapia na realidade bibliotecária do Brasil: a mediação da informação), apresentou o seguinte motivo:

"O interesse em resgatar o caráter humano da profissão de bibliotecário"  


Não procuro imaginar o que essa pessoa tem em mente quando define "caráter humano", mas para mim, o resgate dessa dimensão na pratica profissional do bibliotecário passa diretamente pela questão da educação, não como vista recentemente nas publicações de biblioteconomia sobre a educação de usuários para a competência informacional, mas de um sentido mais amplo de educação. Poder ensinar, a qualquer um que estiver interessado, quanto potencial de crescimento pessoal, espiritual, além de escolar, um livro pode oferecer. E para isso, imagino que alguns bibliotecários devam negociar fortemente seus direitos de leitor. 

A mediação da leitura envolve o conhecimento intimo dos livros, permitir-se ser mudado pelo livro. Entender-se dialógico, extrapolar perceber e tomar nota daquilo que vai num livro. Nada disso cabe numa leitura técnica tradicional, com apego  a folhas de rosto e sumários...
Para trabalhar com biblioterapia, parece-me preciso abrir mão do seu gosto literário para ler de tudo, e se deixar tocar pelo livro. Para constituir-se biblioterapeuta, além de um ou outro curso tradicional como biblioteconomia, pedagogia e psicologia, e de um interesse genuíno por leitura de literatura, é preciso um exercício constante de se colocar no lugar do outro, e permitir-se sentir outros modos de interlocução com o texto e com a realidade, e não se intimidar caso os leitores não sejam tocados pela obra como você acreditou que eles seriam.   

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