[Este texto foi
publicado inicialmente em outro blog que eu mantinha. Queria deletar
o blog sem perder o conteúdo, então migrei os textos dele para o
Sessão de Biblioterapia]
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| Fonte: http://seuhistory.com/etiquetas/elisa-lispector |
Elisa nasceu em 24 de junho de 1911, na cidade de Savran, Ucrânia e migrou para o Brasil ainda menina, com a família, fugindo da perseguição aos judeus após a Revolução Russa de 1917. Faleceu no Rio de Janeiro, em 06 de janeiro de 1989.
Em suas poucas páginas, Elisa narra, por meio das memórias da personagem Lizza, o percurso feito para fugir da Ucrânia e chegar até o Brasil. Não creio se tratar de uma obra biográfica, mas certamente o que foi vivido pela menina Elisa na fuga serviu de material para a elaboração das histórias narradas pela menina Lizza.
Por meio da trajetória da garota, podemos perceber como alternam-se vários sentimentos, alguns deles muito amedrontadores, como por exemplo a fome, o frio, o medo de perder-se dos pais, ou de perder uma irmã. É ainda pelo amadurecimento da personagem que vamos notando toda a perda de sua inocência, não no sentido romântico e amoroso, mas sim no sentido das relações sociais.
Um exemplo disso se dá quando, chegando ao Brasil, são recebidos e instalados pela Tia de Lizza, e nas relações entre Lizza e a Tia, percebemos que a garota deixa de se iludir sobre muitas coisas e vai tomando corpo sobre os dramas da vida. Lizza cuida da casa enquanto a mãe encontra-se enferma no hospital, e esse cuidado a afasta da escola, local que frequentou poucas vezes, mas que o choque cultural, das outras crianças com ela, fez com que fosse um lugar horrível. Mas também é muito bonito ver como tudo isso foi, de alguma forma, uma escada para que essa família pudesse se reconstruir no Brasil, essa terra de esperança para os que vem de fora, enquanto nós mesmos, brasileiros, parecemos perder essa mesma esperança e essa mesma fé.
Prosseguindo, como todo assunto bom se emenda no outro, como quando estamos conversando com um amigo e a conversa toma rumos que não percebemos, mas vamos embalados e quando percebemos o tempo passou, assim foi quando estava escrevendo esse post e me recordei que, recentemente, o Prof. Lênio Streck, da Unisinos, que coordena os debates do programa Direito e Literatura, colocou em discussão o tema do Estrangeiro. Fiquei pensando se esse livro não se encaixa em todos os pontos levantados pelo professor e seus convidados. A narrativa de Lizza é um compilado de agressões aos Direitos Humanos, aos Direitos Fundamentais, ao Direito dos Refugiados. Uma ofensa ainda à liberdade de credo, entre outros. Para quem não conhece o programa, deixo aqui o link para o youtube, da parte 1 do programa, se gostarem, é possível ver o restante pelo canal da . Deixo aqui meu tributo a esse programa, quem sabe um dia ele alcance outros que não apenas os interessados na área jurídica, mas um público mais amplo, por que a qualidade dos debates é ímpar! Vida longa!

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