sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Aleatórios 6 - O último dia de um condenado - Victor Hugo


[Este texto foi publicado inicialmente em outro blog que eu mantinha. Queria deletar o blog sem perder o conteúdo, então migrei os textos dele para o Sessão de Biblioterapia]
"Como no dia da partida dos forçados, caía uma chuva própria da estação, uma chuva miúda e gelada que cai ainda à hora em que escrevo, que cairá por certo durante todo o dia, que durará mais que eu" Victor Hugo, O último dia de um condenado.

       Minha primeira leitura de Victor Hugo, escolhi um livro pequenino, por medo do autor, eu confesso. Como se eu tivesse vergonha de não ter lido tantos clássicos assim para poder encarar Os Miseráveis de uma vez. Os trabalhadores do mar eu quero ler depois. Ainda não comprei Notre Dame de Paris (O Corcunda de Notre Dame). Sim, pretendo ler na ordem (o que não estou fazendo com Tolstói).
      Acompanhamos o último dia da vida de um homem que foi condenado a morte e Victor Hugo nos deixa perceber toda a angústia da alma de um homem que sabe o dia e a hora de sua morte. É penoso pensar que nos colocaram uma data de validade, que estamos para ser destruídos e que tudo de nós será apagado. Um momento delicado: quando a filha do prisioneiro é levada para se despedir do pai, notamos que já estão operando um apagamento da memória do pai na filha, para ela, ele já está morto e a prisão desfigurou-o tanto como pessoa (a barba que cresce, o rosto abatido). A filha não o reconhece.
     Uma obra linda, escrita de forma envolvente. Fico aqui pensando, se eu já não concordava com a pena de morte, após a leitura deste livro, estou convencida de que não é uma boa opção. Que direito temos nós de saber sobre o futuro, sobre a circunstância, sobre o homem, para condená-lo a morrer, apagar sua existência?



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