terça-feira, 24 de julho de 2018

Mediação da Informação 3 - Leitura Orientada à Seleção de Obras (LOSO)


Retomando as anotações sobre mediação da informação, tentarei hoje falar das minhas dificuldades com aquela que deveria ser a maior facilidade de um bibliotecário: "a biblioterapia como mediação da informação é reconhecida no trabalho de profissionais que selecionam materiais informacionais adequados para disseminar informações para pessoas com determinadas necessidades" (GUEDES; BATISTA, 2013, p. 244, grifo nosso). A questão da seleção das obras empregadas em uma sessão de biblioterapia foi a primeira que ocupou a minha mente quando comecei a estudar o assunto. Apesar de compreender globalmente a ideia de que os livros dialogam com as pessoas, eu não conseguia conceber como uma obra que se enquadraria nos problemas ou preocupações de um alguém específico.

E lá estava eu, em pleno final do ano de 2016, tentando encontrar um norte para fazer outra coisa, quando fiz um empréstimo da obra da Nice Menezes de Figueiredo. Fazendo a leitura esquemática do livro, notei que apareceram questões sobre os livros que envolviam o conteúdo deles e não somente as listas de indicações e as estatísticas de uso tão comuns em biblioteconomia. Na hora não tive tempo de aprofundar a leitura, mas intuitivamente, soube que aquele texto seria útil para o blog.

Dois anos depois, agora que retomando a escrita do meu aprendizado,  fazendo algumas organizações em minhas pastas de arquivos sobre biblioterapia, encontrei novamente aquele capítulo 1 e  dessa vez eu liguei minha luminária, peguei um marcador colorido e mergulhei no texto.

Não posso afirmar que essa foi a primeira vez que essas orientações apareceram na literatura brasileira sobre seleção de obras, mas posso certamente afirmar que foi a primeira vez que encontrei -me com elas. Chamadas de testes para não ficção e para ficção, elas são algumas perguntas que você pode fazer às obras. A proposta de Figueiredo-Haines (não foi possível para mim determinar o que é tradução e o que é adaptação nesse texto) era desenvolver ferramentas para orientar os bibliotecários de bibliotecas públicas na seleção de obras para um tipo de acervo abrangente em assuntos, visando atender uma comunidade diversa, tanto em nível de leitura quanto em preferências para leitura. 

Posso afirmar que, até hoje, não encontrei na literatura específica de biblioterapia (que não é muito vasta), nenhuma indicação de como escolher ou como identificar o potencial de um livro. Nesse sentido, a forma como a autora, fala do papel do bibliotecário para a biblioteca pública, despertou minha atenção para os muitos pontos de identificação com o papel do bibliotecário aplicador de biblioterapia, portanto, não somente os testes, mas toda a ideia do benefício da leitura para o indivíduo me fizeram querer explorar aquilo que ela propõe.

Os testes para não ficção e para ficção abrangem tópicos como:  assunto, autoridade, qualidades, características físicas e valores para o leitor, e testes para ficção. Considerando que esse blog é um relato de aprendizagem e pesquisa, e não tem compromissos nem vínculos com nenhum trabalho acadêmico, tomei a liberdade de selecionar apenas alguns tópicos do testes para as minhas primeiras leituras orientadas à seleção de obras. Assim ficou meu roteiro:   

Assunto:

  • Qual é o assunto ou tema?
  • São cobertos assuntos adicionais?
  • É popular? Erudito? É para o leitor comum?


Valores para o leitor

  • Informação
  • Contribuição para a cultura?
  • Estímulo para os interesses?
  • Recreação ou entretenimento?
  • Que leituras relacionadas oferece?
  • A que tipo de leitura atraí?


Ficção

  • É real? Sensacionalista? Exagerado? Distorcido?
  • Tem vitalidade e consistência na descrição dos personagens? Psicologia válida? Compreensão da natureza humana?
  • É o enredo original? Vulgar? Possível? Simplório? Emaranhado?
  • É o interesse dramático mantido?
  • É estimulante? Provoca pensamentos? Satisfaz? Inspira? Diverte?

Esta fase durará até novembro ou dezembro desse ano (2018), quando pretendo fazer um balanço para saber se os testes são ou não adequados ao objetivo. Tentarei utilizar o mesmo para novelas, contos e poesia, mas considerando que esse é um blog sobre tentativas, eu avisarei quando isso não der certo com algum texto e procurarei outros modos de avaliar a potência terapêutica de cada um.
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Bibliografia:

FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Desenvolvimento e avaliação de coleções. Rio de Janeiro: Rabiskus, 1993. 184 p. (Cap. Seleção de Livros, p. 9-50).

GUEDES, Marina Giubertti; BATISTA, Sofia Galvão. Biblioterapia na Ciência da Informação: comunicação e mediação. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 18, n. 36, jan-abr, 2013, p. 231-253.


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