As bibliotecárias anônimas entrevistadas pela Mariana Guedes em sua dissertação, com quem mais me identifiquei (BB, BF e BG), não são unânimes na escolha do nome pelo qual o profissional bibliotecário capacitado a trabalhar com biblioterapia deva ser chamado. Vejamos o que dizem elas:
"Utilizo sempre o termo Aplicador de biblioterapia. Biblioterapeuta é o psicólogo. Mediador da informação me parece muito técnico, não condizente com o caráter lúdico da biblioterapia" (Bibliotecária B)
"A biblioterapia não se configura como leitura de autoajuda e muito menos como contação de história, muito pelo contrário, é uma terapia, portanto, o profissional que atua nessa área tanto pode ser chamado de terapeuta ou biblioterapeuta" (Bibliotecária F)
"No meu ponto de vista, qualquer termo pode ser utilizado, acho de menor importância, tal preocupação. Todavia, nas instituições onde atuo, ou atuei, os membros da equipe sempre foram chamados de biblioterapeutas. Particularmente, prefiro chamar aqueles que trabalham com a biblioterapia de mediadores da informação, porque fazem da leitura uma ponte entre a informação e o conhecimento, a fim de ajudar as pessoas a conquistarem sua cidadania. São pessoas que trabalham em prol da dignidade da pessoa humana, dentre eles o bibliotecário, que nessa função deve cumprir um programa de leitura compatível com a vida da pessoa a ser ajudada. Deve, portanto, investigar seus interesses, acompanhar a leitura e fazer uma discussão posterior para chegar o resultado". (Bibliotecária G)
Concordo um pouco e discordo com todas elas. Gostaria agora de analisar o motivo, pois a escolha de um nome profissional pelo qual você se define reflete diretamente no que as pessoas esperam de você. Nesse caso, gosto muito da palavra biblioterapeuta, mas ela sempre me vem à memória como algo associado à terapia clínica (seja ela feita com um psicanalista, um psicólogo ou psiquiatra). Ouso aqui fazer uma afirmação generalista, mas corre-se o risco de que o cliente de biblioterapia procure o profissional para tentar fugir de um tratamento clínico convencional, dados os estigmas que estes carregam junto a si. A biblioterapia pode ser usada por todos esses profissionais, mas nunca será uma substituta deles.
Mediadores de informação parece um nome muito frio, apesar de que a definição dada pela bibliotecária G é a que faz meu coração bater mais forte. Pensar um bibliotecário como um profissional que trabalha em prol da dignidade humana para mim resgata o caráter humano do próprio profissional e aproxima ele da dimensão educativa da profissão e da dimensão educativa da biblioteca, viabilizando ferramentas para que os indivíduos possam encarar os processos de mudança internos e externos.
Caso eu possa aqui fazer uma colagem das falas selecionadas para justificar minha escolha, ficaria assim "A biblioterapia não se configura como leitura de autoajuda e muito menos como contação de história. O bibliotecário nessa função deve cumprir um programa de leitura compatível com a vida da pessoa a ser ajudada. Deve, portanto, investigar seus interesses, acompanhar a leitura e fazer uma discussão posterior para chegar o resultado. Utilizo sempre o termo Aplicador de biblioterapia. (Bibliotecárias FGB).
Acredito que seria melhor esclarecido se adotássemos a idéia de que biblioterapia é uma técnica que muitos profissionais podem usar em diversos ambientes. Para mim, seria muito melhor pensar em:
E assim cada profissional deverá adaptar as ferramentas da biblioterapia à sua prática. Uma sala de aula tem suas particularidades que a diferem da biblioteca (pensando na interação dos indivíduos. Assim como o hospital e o consultório são ambientes da área da saúde mas possuem configurações completamente diferentes. Há ainda as sessões de biblioterapia em prisões, grupos de ajuda, entre outros.
Cada local tem sua particularidade (regras de funcionamento), nos hospitais, por exemplo, há alas em que não se pode fazer trabalhos com grupos (rodas de leitura), devendo a biblioterapia ser aplicada individualmente, no leito do paciente.
Cada público tem sua especificidade: em uma sala de aula todos os alunos tem um nível de alfabetização parecido, enquanto na enfermaria de um hospital isso não pode ser controlado. Nas prisões, a leitura pode ser usada como meio de alcance da cidadania e também para a diminuição da pena.
Cada profissional conhece bem o seu público e deverá organizar seus conhecimentos em biblioterapia de acordo com eles. Nesse sentido, acredito que não é desejável uma formação uniformizadora do biblioterapeuta, pois é na diversidade que a biblioterapia cresce e atinge os diversos tipos de leitores. Entretanto, acredito que há de surgir alguma entidade que regulamente e organize a prática, evitando desentendimentos entre os diversos profissionais, para que uns e outros não ultrapassem as fronteiras legais de cada profissão.
Mediadores de informação parece um nome muito frio, apesar de que a definição dada pela bibliotecária G é a que faz meu coração bater mais forte. Pensar um bibliotecário como um profissional que trabalha em prol da dignidade humana para mim resgata o caráter humano do próprio profissional e aproxima ele da dimensão educativa da profissão e da dimensão educativa da biblioteca, viabilizando ferramentas para que os indivíduos possam encarar os processos de mudança internos e externos.
Caso eu possa aqui fazer uma colagem das falas selecionadas para justificar minha escolha, ficaria assim "A biblioterapia não se configura como leitura de autoajuda e muito menos como contação de história. O bibliotecário nessa função deve cumprir um programa de leitura compatível com a vida da pessoa a ser ajudada. Deve, portanto, investigar seus interesses, acompanhar a leitura e fazer uma discussão posterior para chegar o resultado. Utilizo sempre o termo Aplicador de biblioterapia. (Bibliotecárias FGB).
Acredito que seria melhor esclarecido se adotássemos a idéia de que biblioterapia é uma técnica que muitos profissionais podem usar em diversos ambientes. Para mim, seria muito melhor pensar em:
- Bibliotecário aplicador de biblioterapia;
- Psicólogo aplicador de biblioterapia;
- Professor aplicador de biblioterapia;
- Psicanalista aplicador de biblioterapia;
- Psiquiatra aplicador de biblioterapia;
- Assistente social aplicador de biblioterapia.
E assim cada profissional deverá adaptar as ferramentas da biblioterapia à sua prática. Uma sala de aula tem suas particularidades que a diferem da biblioteca (pensando na interação dos indivíduos. Assim como o hospital e o consultório são ambientes da área da saúde mas possuem configurações completamente diferentes. Há ainda as sessões de biblioterapia em prisões, grupos de ajuda, entre outros.
Cada local tem sua particularidade (regras de funcionamento), nos hospitais, por exemplo, há alas em que não se pode fazer trabalhos com grupos (rodas de leitura), devendo a biblioterapia ser aplicada individualmente, no leito do paciente.
Cada público tem sua especificidade: em uma sala de aula todos os alunos tem um nível de alfabetização parecido, enquanto na enfermaria de um hospital isso não pode ser controlado. Nas prisões, a leitura pode ser usada como meio de alcance da cidadania e também para a diminuição da pena.
Cada profissional conhece bem o seu público e deverá organizar seus conhecimentos em biblioterapia de acordo com eles. Nesse sentido, acredito que não é desejável uma formação uniformizadora do biblioterapeuta, pois é na diversidade que a biblioterapia cresce e atinge os diversos tipos de leitores. Entretanto, acredito que há de surgir alguma entidade que regulamente e organize a prática, evitando desentendimentos entre os diversos profissionais, para que uns e outros não ultrapassem as fronteiras legais de cada profissão.
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