sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Setembro Amarelo - Americanah



Americanah, nosso livro de hoje, foi escrito pela autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, conta a história de Ifemelu, uma jovem nigeriana que emigra para os Estados Unidos para fazer faculdade. Lá, além de cursar a faculdade, Ifemelu usa sua inteligencia singular observando e descrevendo em um blog, as diversas formas de preconceito que ela encontra no dia a dia. O livro tem vários focos narrativos distribuídos entre passado e presente de Ifemelu, e em alguns pontos temos também a presença de Obinze como narrador. Essa multiplicidade de pontos de narração é que dá dinâmica ao livro, pois em alguns momentos, por ser uma narração de cotidiano, temos a impressão de que o livro está se arrastando.

Entretanto, quando livro é bom, o que acontece é que você pode seguir histórias de várias personagens sem necessariamente se prender naquilo que chamamos de personagem principal. No caso da livro Americanah é assim: acompanhamos também a história de Dike, primo de Ifemelu, filho da Tia Uju, uma médica nigeriana que foi amante de um general e que depois da morte do general se vê obrigada a fugir para os Estados Unidos.


Dike não conhece o pai, e assim como Ifemelu, também sofre os grandes problemas de ser um imigrante negro nos Estados Unidos. Mas os problemas de Dike se intensificam mesmo quando ele muda da cidade à qual estava habituado e vai para uma pequena cidade, de maioria branca. Dike sobre preconceito na escola, por parte dos alguns alunos e de professores também, além de outros setores da sociedade.


A solução para tudo isso surge na cabeça do personagem na forma de um vidro de tylenol e alguns comprimidos para enjoo. Um adolescente saudável que tenta suicídio. O bullying na escola talvez tenha sido o principal fator que levou o personagem a tentar contra a própria vida, mas como a narrativa é do ponto de vista de Ifemelu, o movimento que a leitura pode provocar em nós é como podemos ser mas atentos, mais observadores, para perceber o quanto uma pessoa que convive conosco está deprimida? Esta pergunta de fato não é fácil de responder, observemos as palavras de Ifemelu: 


                                                                                                                                                                                                                             "Depois que teve alta do hospital e foi para a casa, depois da lavagem no estômago e dos exames no fígado, Ifemelu observou seu rosto, seus gestos, suas palavras, procurando uma prova de que aquilo realmente quase acontecera. Dike não parecia diferente do que era antes, não tinha olheiras escuras nem um ar fúnebre"

Mesmo depois que Dike sai do hospital, Ifemelu ainda não consegue reconhecer nele os sintomas que, pelo menos no conhecimento popular, poderiam levar algumas pessoas a tentar tirar a própria vida! Se a ficção é uma imitação da vida, e se com ela podemos aprender a pensar, a que fica em busca de uma resposta talvez seja: quão próximos nós somos daquelas pessoas que nos rodeiam?

Um grande abraço e até a semana que vem! 



                                                                                     









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