quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Quarto - Emma Donoghue


A data de criação deste post, segundo o Blogger, foi 01/11/2016. Por alguma razão, e neste momento opto por não tomar conhecimento de qual foi, deixei como rascunho. Acredito que não sabia exatamente como abordar o assunto. 
Algumas vezes, as propostas que fazemos estão muito longe daquilo que podemos executar, por isso, tenho a certeza que ainda hoje não conseguirei corretamente dar a entender todo o potencial terapêutico que acredito que esse livro tenha. Ainda assim, é preciso deixar que o texto vá, que ele crie suas próprias asas. E talvez também deixar que ele retorne em outro momento.


O livro escolhido para começar as leituras da lista da Clínica Literária foi Quarto, da Emma Donoghue.






A partir de agora entraremos no terreno das apostas, tentando identificar algo como "a potência terapêutica" deste livro (termo novo que aprendi com a Cristiana Seixas, nas férias).

Muitas perguntas foram feitas por mim na leitura desse livro. A primeira delas foi como o filho percebe e consegue lidar com o abuso sofrido pela mãe? A segunda foi: cultivar a esperança é uma boa forma de manter a mente sã?

O livro quarto parece um manual, só que não! É narrado por uma criança de cinco anos, mostra a rotina da vida no cativeiro (que ele não sabe que é um cativeiro), mostra também as mudanças sofridas na rotina e na percepção de mundo da criança depois que tudo que ela conhece é colocado à prova.

Jack (o narrador) nasceu durante que sua mãe permanece raptada por um homem não identificado, e tudo que ele conhece como mundo é o quarto de 37m2 em que eles são mantidos. Aos que se interessarem por detalhes da rotina de um cativeiro, fiquem a vontade para ler o livro ou assistir o filme, em ambos haverá um entendimento geral da idéia da autora.

O que me ocorre agora, a propósito do tema deste blog, é pensar como as palavras deste livro podem ser trabalhadas como uma potência terapêutica. Não me ocorre ainda aqui, no inicio dos trabalhos, pensar em métodos rigorosos, mas posso fazer alguns apontamentos. Para isso, tentemos deixar de lado a narrativa infantil e vamos tentar observar este livro como se pudéssemos ver toda a narrativa pela claraboia do quarto.

O que percebo, e todos tem toda a liberdade de discordar de mim, é uma mãe que toma para si a missão de instruir o filho, não como um ato de amor ao próximo, mas como um ato de amor próprio. Analise bem, esta mãe poderia ter poderia ter matado o filho por inanição, mas ela escolhe cria-lo, como uma rotina bem definida de vida. Acordar, tomar café da manhã, estudar, almoçar, lavar a louça, tomar banho, e fazer o dia de uma criança acontecer é uma obrigação que a mãe se impõe para sair da cama todos os dias, e ainda é uma forma de sair de um estado depressivo em que ela poderia estar.

Encaramos sempre a rotina como algo negativo, mas com essa mãe aprendemos que a rotina pode ter uma enorme variedade de aspectos positivos. Um deles, manter seu corpo ocupado, para algumas pessoas, pode ser uma forma de distrair a mente e manter-se longe de pensamentos que levam à depreciação constante do eu.

Na lista original da Clínica Literária, este livro pode ser encontrado como indicado para "Superar um abuso" e para manter a "perseverança". De fato, o livro trata sim dessas duas características. A primeira de forma óbvia, a segunda como um sopro. O tão aguardado fim do livro não nos leva à ideia de que tudo será perfeito, mas nos deixa aquele gosto de haverá um amanhã, e que a vida, depois de uma situação extrema como a que os dois personagens viveram, não tem nenhuma obrigação de ser perfeita ou regular, ela deve apenas acontecer.

Um abraço e até a próxima sessão!


Nenhum comentário:

Postar um comentário